Notas sintomáticas de um artista em processo
07/out/2010
Era uma canção presa nos lábios e na garganta inflamada, com afta pelas gengivas e chiados sujando espontaneamente a dicção;
Era uma melodia com sombras e pausas mal-contadas, que doíam demais no instrumento, nas amígdalas e nas cordas vocais, além de causar arrepios no estômago e um estalo na região lombar, que culminava com dormências nas mãos e na região das pontas dos pés;
Mas era assim por que era linda demais, por que ela iria me botar pra chorar como um menino ainda não oprimido pelas convenções, e tomaria de súbito até mesmo os meus rivais - que não conseguiriam me enxergar nela,
pois ela era uma canção bonita demais e não me surgiria assim, facilmente: ainda precisaria me desidratar o corpo, ter febres, alucinações com utopias, e fazer de conta que ela (a dita cuja canção) não me era assim "grande coisa", mesmo sendo...
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