terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

DIRETO DO COLECIONÁRIO INSTANTÂNEO...

AS MICRO-HISTÓRIAS DE MARIA ALEGRIA


I
Tiquinho, vulgo "Palhaço Triste",
conheceu Maria num atracadouro.
Ela lhe sorriu e ele percebeu que também
podia sorrir longe dos picadeiros.
(...)
Chamou-a de "Maria Alegria".

E ela queria que só ele a chamasse assim,
então  
toda a sua história foi transcorrida num
quase-segredo.


II

Decidiram, por consenso, juntar os seus
"azares", suas "agruras", talvez desse boa
química, bom resultado...
E deu.
De noite, quando o Palhaço Triste
ia encontrar Maria Alegria
e ela não queria beijá-lo por estar
com cheiro de picadeiro, ele dizia
que aquele era cheiro de criança
e que ela poderia fantasiar, pelo cheiro dele,
qualquer outro cheiro que quisesse.


III
Com o tempo, era o contrário, depois
o contrário de novo. Maria Alegria
a cada dia, mais e mais refinava o seu humor, colocando
o imenso talento de "Palhaço Triste" à prova.
Ele, quando se pegava rindo ou impressionado
com qualquer impressão de Maria, logo se entristecia,
pensava em abandonar o circo e deixar Maria no lugar dele.
Ela não. Queria ser mãe.


III
Então Maria e Tiquinho, vulgo "Palhaço Triste", tiveram
um filho. Que um dia foi visto por eles, ainda
pequenino, engatinhando sobre cartas náuticas;
Maria disse a Tiquinho que era hora dela voltar ao 
atracadouro em que se conheceram e iniciar outras
viagens. Não queria saber o que ele pensava, nem 
se queria ou se concordava. Maria não era só "Alegria", era
também qualquer outro adjetivo necessário. Tiquinho, pleno
sabedor deste fato, juntou suas
economias, comprou um barco e seguiu com Maria pela
mesma rota de Fernão de Magalhães.

Seu circo foi também junto: de porto em porto...

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