sábado, 18 de junho de 2011

NOTAS SINTOMÁTICAS DE UMA ARTISTA EM PROCESSO - 13/junho/2011

A solidão me alcançou a bexiga,
me tirou o apetite, a sede, baixou minha pressão.
Posso dizer que estou mais magro do
que o habitual e um pouco fraco... são
11:38hs da manhã, tomo soro numa
enfermaria do centro
e enquanto rabiscava um desenho, meio
tonto pelo medicamento, senti a
enorme necessidade  de escrever um
poema. Mas poemas não surgem por que
queremos, surgem por que eles querem fazê-lo;
E não há nada nesse ímpeto natural
que eu possa alterar, mesmo que com todo o
meu incômodo.
...
Na manhã seguinte, médico e eu combinamos
o meu retorno para mais exames.
Sei de antemão da minha infecção urinária;
O resto, também sei, vem diagnosticado
pela hipocondria: 
Talvez um problema na tireóide, talvez uma
depressão mal curada, talvez o acúmulo
de tanta ausência, o excesso de tanta paciência,
ou somente a vontade de
escrever um poema...

Mas um poema (em si) não vai dar
conta dos meus sintomas.
Um poema (em si) é só um poema
e continuará sendo inútil nesse sentido.

Porém o seu jogo lexical,
suas interfaces semânticas
seus descaminhos e caminhos sensoriais
servirão ao meu espírito.


E servindo ao espírito
servindo a "um" espírito
da mais simples e fugaz maneira,
ainda que caindo pelo dorso
de uma eternidade 
cada vez mais desbotada e oculta...
Um poema (em si)
basta

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